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Consultório de Rua resgata vida de jovem em Olinda

Desde 2010, em Olinda, estão cuidando, acompanhando a vida dos que com um "simples" olhar recebido, um ouvido atento, se sentem acolhidos pela primeira vez

Publicado por: Secom, em: 09/01/18 às 8:40

Este ano de 2017 representa uma nova fase na vida de Amanda Brito*. Se antes, a realidade dela era a rua, drogas, prostituição, doenças e abandono, agora ela vive junto com os filhos – “os maiores amores da minha vida” –, está se tratando da tuberculose, recuperando a saúde, os sonhos, sobretudo a dignidade. Ela, que pediu para ter o nome trocado nesta matéria, é fruto de um trabalho de pessoas dedicadas, que têm como missão olhar para os que muitas vezes não conseguem nem se enxergar, quanto mais ser vistos pelos outros.  Desde 2010, em Olinda, profissionais do Consultório de Rua estão realizando trabalhos como esse. Olhando, cuidando, acompanhando a vida dos que com um “simples” olhar recebido, um ouvido atento, se sentem acolhidos pela primeira vez. 

O jeito de Amanda é tímido, só começou a falar olhando, ainda que rapidamente, para o repórter 14 minutos depois que a equipe chegou. Até aí, a atenção era apenas para a psicóloga do Consultório, já conhecida por ela, e para o filho mais novo. Um bebê esperto e inquieto, que embora com poucos meses e sem saber, viveu, ainda na gestação, na miséria e perigos de quem se encontra nas ruas.  O consumo de drogas afasta os usuários da família. A falta de dinheiro para a manter o vício leva para prostituição. Vem a falta de cuidado com a higiene, com a saúde

Se já se colocou em situações em que banho era artigo de luxo, Amanda recebeu a reportagem ainda com o cabelo molhado, dando de mamar ao pequeno filho. Tendo narua o reflexo do abandono, em que o cuidado com a beleza parece ser impensável, o encontro com ela mostrou as unhas dos pés devidamente cuidadasVaidosa, ela falou com orgulho quando foram notados os desenhos de flores que tinham sido feitos por uma manicure amiga. 

O tratamento para se livrar da tuberculose, que foi diagnosticada quando ela ainda estava no Serviço de Acolhimento Institucional para Pessoas em Situação de Rua, permanece pelos próximos cinco mesesÉ um ponto alto do trabalho do ConsultórioEste tipo de exame e outros, palestras, atendimentos humanizados, que resgatam vidas são realizados todos os dias pelo por eles, que hoje contam com seis pessoas na equipe.  

Durante toda entrevista, um sentimento era claro: o que move Amanda para uma nova vida é o amor pelos filhos. “São eles a razão de eu estar aqui. Eu sabia a situação que estava e isso me fez querer cuidar de mim e deles. Tinha muito medo de perder eles”, disse, olhando para os quatro mais novos. Grata pelo serviço feito pelos profissionais do Consultório de Rua, ela pontua a atenção dada por e o carinho com que foi atendida. “Eles dão atenção, a gente sabe que está sendo cuidado.” 

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