Ouvir a matéria clicar no player
Olinda foi tomada pela efervescência cultural, a troca de experiências e a valorização das tradições. Neste sábado (15), a Marim dos Caetés recebeu a primeira etapa do projeto Intercâmbio Cultural 2025, desenvolvido pela Secretaria de Patrimônio e Cultura, em uma iniciativa abrangente da Prefeitura da cidade, somando forças com diversos parceiros. Neste ponto de partida, o território foi palco para a caravana de Nazaré da Mata, localizada na Zona da Mata Norte, considerada um berço da pluralidade. A prefeita de Olinda, Mirella Almeida, o vice-prefeito, Chiquinho Carvalho; o secretário da pasta, Luiz Adolpho; e demais representantes e entusiastas das artes acompanharam todo o movimento com bastante alegria.
A grande festa, em evocação às tradições, possibilitou ao público a participação em uma verdadeira imersão no caboclinho e maracatu, unindo-se ao frevo, patrimônio imaterial brasileiro e da humanidade. A programação teve início, logo pela manhã, na Casa da Rabeca, localizada no bairro da Tabajara, berço do Maracatu Piaba de Ouro, com o partilhar de destrezas entre os mestres e um almoço de confraternização para convidados. Foi apenas um esquenta para o grande movimento, com apresentação pública e gratuita, que se transportou para o Sítio Histórico, à tarde. Foi quando dezenas de nações de maracatus exibiram seu cortejo, partindo do tradicional Bonsucesso e desfilando pelas vias e ladeiras até chegar a Rua de São Bento, diante da sede do Palácio dos Governadores, sede do executivo.
“Este intercâmbio cultural é uma ferramenta poderosa para promover a compreensão e o respeito entre diferentes culturas, além de enriquecer as experiências das pessoas envolvidas. Quando falamos da apresentação de maracatus da Zona da Mata em Olinda, estamos lidando com uma manifestação cultural de grande importância para a identidade de Pernambuco e do Brasil como um todo”, explica Mirella.
O maracatu é uma das mais tradicionais expressões da cultura popular pernambucana. Originário da Zona da Mata, a manifestação mistura influências africanas e indígenas, com forte presença de ritmos, danças e elementos visuais marcantes. Ele é composto por um conjunto de dançarinos e músicos que interagem em um cortejo que reflete a cultura afro-brasileira, além de marcar o sincretismo entre religiões e costumes da época colonial.
Para Luiz Adolpho, a iniciativa também é vista como bastante positiva. “Olinda, sendo um dos destinos mais procurados durante o Carnaval, se beneficia dessa troca, atraindo turistas que se interessam em vivenciar a cultura local e aprender sobre as práticas de maracatu. Esse tipo de intercâmbio pode contribuir para a promoção do turismo cultural, criando novas possibilidades de geração de renda para a comunidade local, como através de oficinas, apresentações e até mesmo a venda de artesanato relacionado à cultura do maracatu”, disse.
Conforme Pedro Salustiano, do Piaba de Ouro, o Carnaval de Olinda também representa uma resistência cultural, onde a dança, a música e a caracterização se entrelaçam para mostrar a riqueza da sabedoria popular. Os saberes antigos, afirma, preservam a autenticidade e a continuidade das tradições, ao mesmo tempo em que buscam renovar e
compartilhar esses conhecimentos, mantendo-os vivos em um mundo em constante transformação. “Hoje somos o único do segmento baque solto da nossa terra, atraindo os olhares do mundo todo. É um fortalecimento e esperança da continuidade deste trabalho tão bonito”, contou.
UMA FESTA QUE NÃO PARA
O intercâmbio também assinala em sua programação o transporte dos patrimônios culturais de Olinda, Pitombeiras e Vassourinhas, para o município de Pesqueira, no Agreste, a cerca de 220 quilômetros. A mestra Adriana do Frevo será a patrona do encontro, apresentando todo o seu conhecimento, adquirido ao longo de décadas. As agremiações vão percorrer as vias da cidade, promovendo uma verdadeira festa. “Um intercâmbio cultural ultrapassa as barreiras do município, permitindo que vários polos pernambucanos se encontrem e troquem experiências a nível cultural”, complementa a passista.
Ainda na agenda deste mês de fevereiro, nos próximos dias, será a vez de Pesqueira fazer o caminho inverso, aportando em Olinda. Desta vez, o cronograma terá início, à tarde, com a troca de experiências entre os mestres, na sede da Prefeitura, com a presença da chefe do executivo e demais gestores. Após a capacitação, a festa tomará conta das ruas, com concentração no Bonsucesso, em frente ao Homem da Meia Noite e partindo em direção a Praça Monsenhor Fabrício. Nesta reunião de alegria, moradores, turistas e toda a população serão sempre convidados de honra, participando e se aproximando ainda mais dos folguedos pesqueirenses. Novas localidades também farão parte do cronograma e serão divulgadas, em breve, nos canais oficiais da Prefeitura de Olinda. Acompanhe o cronograma aqui e fique ligado!
Texto: Marcílio Albuqurque
Fotografias: Arquimedes Santos