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A manhã desta quarta-feira (10) foi de celebração na Escola Municipal Nossa Senhora do Monte, no bairro de Bultrins. Estudantes da Educação Infantil ao 5º Ano participaram da culminância do projeto interdisciplinar “Respeito que Educa: Combatendo as Diferenças de Corpos”, uma iniciativa que uniu literatura, arte e diálogo para promover respeito, autoestima e enfrentamento à gordofobia.
O evento coroou um trabalho contínuo, vivenciado ao longo de dois meses por crianças e professores, voltado à conscientização sobre o combate à discriminação e a valorização das diferenças.
Foram realizadas 12 atividades diferenciadas, entre apresentações de dança, cartazes, oficinas de literatura, expressão corporal, rodas de conversa e contação de histórias.

Literatura como ferramenta de inclusão
As ações tiveram como base o livro Diva e o Sonho de Ser Bailarina, da escritora e também professora Sâmia Véras, primeira autora do Nordeste a publicar uma obra infantil voltada ao enfrentamento da gordofobia.
Ela participou do evento com sessão de autógrafos e distribuição de exemplares para os estudantes.
Segundo Sâmia, o projeto surgiu em sintonia com a Lei Estadual Nº 17.781/2022, que estabelece ações contra a gordofobia nas escolas pernambucanas.
A escritora explicou que o livro orienta boa parte das atividades pedagógicas porque retrata a trajetória de uma menina gorda que sonha em ser bailarina, enfrentando barreiras e preconceitos comuns na sociedade.
“Este é um projeto pioneiro, que estou implementando pela primeira vez aqui na Escola Nossa Senhora do Monte. A proposta é mostrar às crianças que todos os corpos são possíveis e que a inclusão deve começar desde cedo”, destacou Sâmia.
Ela acrescentou que, além desse trabalho, desenvolve outros projetos com literatura infantil e ações voltadas para o enfrentamento da gordofobia em diferentes públicos, incluindo mulheres fora dos padrões estéticos.
Voz das famílias
O envolvimento da comunidade escolar foi apontado como um dos diferenciais da iniciativa. Pais e responsáveis acompanharam as atividades e reforçaram a importância de trazer o debate sobre respeito e inclusão para dentro de casa.
“Eu achei maravilhoso esse evento e quero estar nos próximos. Tenho duas filhas com estereótipos diferentes, e sei o quanto esse tipo de projeto ajuda na autoestima e no preparo para a vida em sociedade”, relatou Janaína Almeida, mãe de Maria Clara, de 10 anos (3º ano), e de Lara Vitória, de 6 anos (Grupo 6A, Educação Infantil).

Um trabalho que continua
Embora a culminância tenha encerrado oficialmente as atividades da etapa atual, a gestora da escola, Gecineide Rodrigues, afirmou que o tema seguirá presente até o fim do ano letivo.

O objetivo é consolidar práticas de convivência respeitosa e fortalecer a cultura de inclusão na comunidade escolar.
“Mais do que um evento, este é um compromisso pedagógico e social. Queremos que nossas crianças cresçam seguras de quem são e respeitem os diferentes corpos e histórias que compõem a nossa sociedade”, concluiu Gecineide.